Gosto de pensar que a fotografia na natureza é uma bela “desculpa” para estar lá! 🙂
Na verdade, isso faz muito sentido, já que para fotografarmos bem em um ambiente natural, a prioridade deve ser nossa sensação deste lugar e em seguida, nossa fotografia.
Vou contar algo que ilustra bem isso, e aconteceu comigo e um grupo de fotógrafos enquanto fazíamos aproximação e imagens de um grupo de elefantes marinhos, na Península Valdés na Patagônia Argentina.
Éramos em 12 mais um guia/biólogo especializado em pinípedes (mamíferos aquáticos, que inclui as focas e elefantes-marinhos, os leões-marinhos, lobos-marinhos e as morsas).
Estávamos já há mais de uma hora nos aproximando de uma fêmea amamentando o seu filhote. Eu já estava com a fotografia pronta na minha cabeça… com a grande angular, imaginei os animais no primeiro plano, embaixo e o céu imenso e azul acima.
Para uma aproximação assim, é importante seguir ao pé da letra as orientações do guia e respeitar o comportamento dos animais. Estar presente antes no local e com atenção total, para depois pensar na fotografia. Fizemos uma linha, um fotógrafo ao lado do outro e deitamos todos de bruço, para ficarmos mais baixos que os elefantes marinhos. Se sentássemos ou ficássemos em pé, eles entenderiam isso como ameaça e não conseguiríamos a aproximação desejada.
O guia, eu e mais dois fotógrafos começamos a rastejar em direção ao lobo marinho fêmea e seu filhote. Devagar, com a atenção toda voltada aos sinais de aceitação desta aproximação, conseguimos chegar a um metro e meio deles. Podíamos ver o bebê mamando, ouvir o som e ver a boca dele suja de leite, uma emoção sem tamanho… conexão pura!

Porém, um dos fotógrafos que ficou na “linha” esperando sua vez para se aproximar, não estava tão conectado e, distraído, sentou-se.
O elefante marinho fêmea se assustou, e antes mesmo que pudéssemos fazer o primeiro clic com a câmera, ela se levantou soltando um som assustador e mostrando os enormes dentes amarelados e arregalando os olhos avermelhados. Uma mãe defendendo o seu filhote. O guia instantaneamente nos arrastou para trás sem que pudéssemos nos levantar e ali acabou nossa busca pela imagem.
O clima ficou muito tenso, por conta de alguém “distraído”, não só perdemos a foto como também o grupo foi colocado em risco. O guia nos orientou a sair do local, e, com razão, acabou com nossa esperança de fazermos aquela imagem.
Conectar-se com a natureza é acima de tudo um sinal de respeito, só assim conseguiremos as melhores imagens possíveis e também o maior aprendizado que podemos receber.
Dica: Conectar-se com a natureza não é algo místico, mas sim um estado de atenção e presença. Este estado estende-se ao ato de fotografar. Não é algo teórico, é algo experiencial. O fazer é que trará o maior aprendizado.
Eu sou a Priscila Forone, me encanto com a natureza através das lentes há mais de 20 anos e quero dividir minhas experiências com você. Se você está recebendo esse e-mail é porque se inscreveu em alguma das minhas aulas ou para receber nossos conteúdos. Venha fazer parte da Terra Crua e nos siga no Instagram, para podermos conversar mais sobre natureza, arte e fotografia!
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Grande abraço,
Priscila Forone