Na fotografia lidamos constantemente com a tal da “expectativa x realidade” ! E a tal da expectativa dá muito pano pra manga, pois ela vem de diversas fontes! Temos a nossa expectativa com relação ao lugar a ser fotografado, ao clima, à paisagem; temos a expectativa com relação às imagens que faremos e muitas vezes, muitas mesmo, temos que lidar com as expectativas dos outros com relação às nossas imagens feitas desses locais. Existe sempre uma pressão embutida que diz “nossa, você é fotógrafo(a), deve ter feito imagens lindas!”. Quem fotografa lida com isso desde sempre, e cada um reage de uma forma… Mas, como seres humanos que somos, nem sempre estamos inspirados e produzindo coisas maravilhosas o tempo todo.

Durante quase 25 anos de fotografia, acredito que consegui acomodar bem as expectativas, (minhas e dos outros) com relação às minhas imagens. A pergunta principal que me faz ver o lugar de cada coisa é “para quê é esta foto que eu vou fazer?” Claro que não é uma pergunta que eu fico elaborando a resposta toda vez que vou fotografar, mas é um guia para que eu assuma o papel que melhor caiba para aquela determinada imagem. Explico: se vou fotografar por exemplo, uma viagem, pra quê eu vou fotografar? Para mostrar para as pessoas a viagem que eu fiz? Para eu lembrar da viagem? Para produzir imagens de turismo? Para produzir material artístico? Pra cada uma dessas respostas eu faria um tipo de fotografia diferente. É como se o fotógrafo vestisse diferentes modos de ver cada paisagem dependendo da expectativa a ser preenchida.
Trago pra vocês um exemplo. Recentemente estive nos Lençóis Maranhenses, pesquisando o local para levar pessoas para fotografarem lá. Fui com dois olhares fotográficos: um para mostrar os lugares e possibilidades de paisagens e luzes para fotografar e outro para fazer fotos “pra mim”, fotos que alimentassem o meu acervo de material para serem usados em produções mais conceituais. Ou seja, deixei em casa o olhar documental, o olhar fotojornalístico, e outros olhares possíveis. É claro que se a oportunidade surgir até faço uma foto ou outra assim, nas minha atenção não está direcionada para isto.

Quando fazemos nossas próprias “pautas”, nós criamos objetivos e isto ajuda muito a direcionarmos o olhar fotográfico e consequentemente focamos mais no que é importante para nós, e não para os outros (salvo, claro, quando estamos trabalhando para algum cliente). Traçar algo parecido com um objetivo ajuda também a ter uma sensação de “dever cumprido”. E pra mim, particularmente, ainda abre um espaço para libertar minha criatividade em algo que -“não sei se vai prestar, mas se ficar ruim não tem problema por que é pra mim mesmo”- e geralmente é dessas ideias malucas e sem ter que suprir expectativas, nem mesmo as minhas, é que surgem minhas melhores imagens inesperadas.
Convido você então a fazer um teste, crie uma pequena pauta pra você mesmo, pode ser por exemplo, “vou até o jardim e fotografar as diferentes formas de folhas que eu encontrar” e depois disso faça uma imagem solta, sem expectativas usando sua criatividade sem limites, e veja no que dá! 🙂
Tenha uma boa experiência!
Saudações fotográficas,
Priscila Forone
(ah, se quiser viajar comigo para os Lençóis Maranhenses ou outros destinos, veja nossa programação!) Caminhadas Fotográficas com a Terra Crua